Fúria Primitiva é o mais novo filme dirigido e estrelado por Dev Patel, trazendo uma história de vingança com profundidade emocional e peso cultural. A trama acompanha um lutador mascarado que se infiltra no mundo da elite para acertar contas com aqueles que destruíram sua vida. Apesar de ser um filme de ação, ele se destaca pela abordagem única, equilibrando comentários políticos e muito introspecção com sequências impactantes.
O que impressiona é como o filme aproveita um orçamento relativamente modesto de 10 milhões de dólares para entregar cenas intensas e visualmente ricas, sem recorrer aos exageros típicos (e clichês) de blockbusters. Não vá assistir esperando ver prédios explodindo, nem carros voando pelo espaço (à la John Wick e Velozes e Furiosos); aqui, a ação é mais contida, mas não menos visceral. A direção de Patel habilmente sabe dosar a violência estilizada com momentos de reflexão, explorando temas como direitos das minorias, religião e a própria cultura indiana.
A estrutura narrativa foge do convencional, desafiando o espectador com reviravoltas inesperadas já nos primeiros 40 minutos. O segundo ato é o ponto alto, mergulhando profundamente na bagagem cultural do protagonista e ampliando a motivação emocional da história. Sem tirar todo o mérito de seus pontos fortes, o filme peca em não explorar suficientemente os personagens secundários e as consequências das ações do protagonista, o que poderia enriquecer ainda mais a narrativa.
O maior desafio enfrentado por Fúria Primitiva é a distribuição. Apesar do reconhecimento no exterior, o lançamento tardio no Brasil e a concorrência com grandes produções como Bad Boys e Furiosa (de mesmo público-alvo) limitam sua presença nas salas de cinema. Ainda assim, é uma experiência que merece ser vivida na tela grande.
Com um equilíbrio notável entre ação, peso emocional e relevância cultural, Fúria Primitiva se destaca como uma obra única no gênero. Não perca a chance de assistir enquanto está em cartaz: é digno das telonas.