Memórias de um Caracol é uma animação em stop-motion que se destaca pelo visual detalhado e uma narrativa cativante, considerada uma das obras mais impressionantes do ano. Ambientada na Austrália dos anos 70, a história acompanha uma jovem com uma vida rica em histórias, abordando temas adultos e complexos com um toque de humor refinado. Cada personagem e objeto é cuidadosamente trabalhado, proporcionando uma experiência visual marcante, onde o humor se mistura habilmente com momentos emocionantes, despertando lágrimas e reflexões. Embora a animação equilibre bem as emoções, ela pode não agradar a todos os públicos, dada sua intensidade e profundidade temática.
O Senhor dos Mortos, de David Cronenberg, explora o luto e a perda por meio da história de um homem que desenvolve uma tecnologia para monitorar os caixões de entes queridos. A trama gira em torno da invasão e sabotagem desse sistema, levando o protagonista a buscar o responsável. Com uma abordagem fria e perturbadora, o filme incorpora elementos de body horror e tecnofobia, usando um estilo que deliberadamente provoca desconforto. Cronenberg mistura temas de sexualidade e perda de maneira insensível e provocativa, refletindo a aparente indiferença do protagonista. Essa desconexão emocional faz com que o público observe a trama de fora, espelhando a própria apatia do personagem principal.
Boa Menina narra a jornada de uma jovem que embarca em uma viagem com seu pai e um amigo dele, explorando temas de masculinidade tóxica e a comunicação entre gerações. O enredo é centrado em diálogos e não em ações intensas ou cenários elaborados, proporcionando uma visão sutil sobre questões de idade e gênero. A atriz principal se destaca ao expressar emoções delicadas, alinhadas ao tom do filme. No entanto, pela ausência de grandes conflitos, o ritmo permanece lento e pouco impactante, dependendo do próprio interesse do espectador para sustentar a conexão com a narrativa.
O Vidreiro é uma animação paquistanesa em 2D inspirada pelo estilo dos estúdios Ghibli, marcando um feito cultural significativo para o país. A história segue um jovem filho de um vidreiro, que se apaixona pela filha de um militar recém-chegado à sua pequena cidade. Visualmente cativante, a animação incorpora detalhes ricos da cultura local, como culinária e arte. No entanto, ao abordar múltiplos temas — guerra, romance, mitologia e o sobrenatural — o filme acaba com uma narrativa fragmentada, onde alguns tópicos ficam pouco desenvolvidos e sem o impacto desejado. Mesmo com esses tropeços, O Vidreiro se destaca pelo seu estilo artístico e potencial cultural.
Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia oferece um olhar autêntico e imersivo sobre a pressão intensa de produzir um programa ao vivo (como o Saturday Night Live), nos anos 70. O filme retrata de forma vibrante a atmosfera frenética e o desafio de encarnar múltiplos personagens, com um elenco de rostos conhecidos que se perdem nos papéis que interpretam. A edição e a trilha sonora são de alta qualidade, contribuindo para a energia constante que envolve o espectador. No entanto, o filme não se preocupa em contextualizar ou explicar cada personagem e suas contribuições, assumindo que o público já tenha algum conhecimento sobre o elenco e o impacto cultural do programa nos Estados Unidos. Uma rápida pesquisa pode esclarecer eventuais dúvidas para quem não conhece a fundo o cenário.
Lidando Com os Mortos apresenta a história de três pessoas que, após perderem entes queridos, os veem ressuscitar, junto com todos os outros mortos. Embora possa parecer um filme de zumbis convencional, a narrativa explora o luto e a perda de forma introspectiva, abordando esses temas como um drama social em vez de um horror. A obra segue um ritmo lento e sombrio, com uma abordagem poética que reflete a natureza dos zumbis, mas acaba se tornando monótona. Apesar de sua premissa inovadora, o filme carece de desenvolvimento e conclusão, deixando a impressão de que poderia transmitir a mesma mensagem em um curta.