Babygirl

Babygirl, protagonizado por Nicole Kidman, tenta equilibrar sensualidade, poder e vulnerabilidade em uma narrativa que, infelizmente, tropeça no próprio tom. Nicole brilha como sempre, entregando uma performance sólida, mas o roteiro e a direção parecem não saber o que querem contar.

A trama gira em torno de um relacionamento tóxico e de poder, com a dinâmica invertida entre ambientes de trabalho e os momentos íntimos: uma chefe e seu recém-contratado aprendiz. Essa premissa, que poderia até render um thriller psicológico envolvente, acaba se perdendo em escolhas narrativas inconsistentes. É um “vai e volta” exaustivo, sem a tensão necessária para prender o espectador.

Como um filme voltado para maiores de 18 anos, a expectativa de sensualidade e de puro fanservice infelizmente não é alcançada. Mesmo com a perspectiva da personagem de Kidman sendo o foco principal — o que traz nuances interessantes nos momentos de vulnerabilidade —, o personagem masculino é tão fraco e perdido em suas ações que enfraquece (e muito) a dinâmica proposta.

Há ecos de outros filmes do gênero, como Jogo Justo (de 2023), que conseguem construir melhor a tensão e o impacto das revelações. Aqui, as promessas de segredos e conflitos emocionais são pouco explorados e não entregam o esperado. Resta elogiar um dos poucos pontos fortes do filme: a perspectiva de trazer bem à realidade o prazer feminino, nos deixando sempre sob a ótica dela para situações de intimidade.

Ainda assim, alguns momentos pontuais salvam o filme da completa monotonia, principalmente graças ao talento de Nicole Kidman. Mas, levando tudo em consideração, até 50 Tons de Cinza consegue oferecer uma experiência mais clara e, surpreendentemente, mais divertida.