Conclave

Conclave, dirigido por Edward Berger, se apresenta como um drama político-religioso de alta tensão, entregando uma narrativa espetacular e intrigante. Ralph Fiennes carrega o filme com uma performance contida e poderosa, com o roteiro e a direção levemente mais interessados na alegoria da igreja do que no drama humano.

A história acompanha o Cardeal Lomeli (Fiennes), que é o atual encarregado de organizar o conclave para a escolha do novo papa, após a morte repentina do atual. Entre intrigas, segredos e um embate entre conservadores e progressistas da Igreja, o filme constrói um mistério envolvente. Sem necessariamente apontarmos como crítica, os personagens ao redor do protagonista funcionam mais como peças de um tabuleiro do que como indivíduos complexos.

Apesar disso, a atmosfera do longa é densa e cativante. A tensão se constrói em detalhes: nos olhares, nos silêncios e nos rituais. O design de produção e o figurino são impecáveis, reforçando o peso histórico e religioso da trama. Algumas cenas filmadas em locações reais e icônicas — em destaque para os cenários de Naboo de Star Wars — na Itália, adicionando um charme inesperado a Conclave.

O filme recebeu múltiplas indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator, o que reforça seu impacto dentro da temporada de premiações. Sabemos que sua abordagem um tanto fria (por mais que te envolva com o drama central) pode não ressoar com todos. Mesmo assim, Conclave entrega um jogo de poder fascinante, tornando-se uma reflexão simbólica e, em paralelo, transformando-se num drama memorável.